sexta-feira, 9 de agosto de 2013

“Luanda classificada mais uma vez a cidade mais cara do mundo”: Publicidade gratuita ou mais um desafio ao desenvolvimento económico de Angola? [Luanda ranked, once again, as the most expensive city in the world: ‘Cheap’ publicity or another challenge for the economic development of Angola]

Retirado do site da Voz da América (por sinal de um debate na Radio LAC)


O facto de Luanda ter sido classificada mais uma vez a cidade mais cara do mundo para expatriados pode servir de publicidade para a cidade, defendeu a jurista Lurdes Caposso.”
 

Fiquei chocado ao ler que alguém ousa pensar que “publicidade gratuita” é algo necessariamente benéfico, porque vejamos: Quando uma empresa investe em marketing publicitário não é para perder dinheiro, a empresa espera sempre obter um retorno maior do que o investimento feito, até porque hoje em dia falasse de marketing a vários níveis: pessoal, institucional e até político!
Quem tem acesso a TV por satélite tem visto publicidade de países como Angola, India, Malásia e outros países na CNN (e em outros canais) como forma de chamarem a atenção de potenciais “clientes” (quer turistas ou investidores) sobre as potencialidades/benefícios que esses países oferecem. A publicidade é uma forma que as organizações têm de gerarem demanda dos seus produtos e/ou serviços.  
Se assim for, urge compreender que mensagem esta “publicidade gratuita” está a passar para os potenciais “clientes” da província de Luanda (turistas e até mesmo pessoas interessadas em fazer/abrir um negócio em Luanda), reflectindo sobre o seguinte:
  • Por que razão, um jovem turista de rendimento médio iria querer visitar Luanda quando até lhe ficaria mais barato ir a Nova Iorque, Londres ou Paris?
 
  • Por que razão um empresário iria querer abrir ou mesmo transferir o seu negócio para Luanda, quando tudo indica que nesta cidade os custos operacionais seriam muito mais elevados?
São essas, a nosso ver, as perguntas que os governantes de Luanda (e não só), deveriam tratar de dar resposta. Que fique claro: o que conta para o crescimento económico de um país é o GASTO feito pelo turista (durante uma visita) e o INVESTIMENTO do empreendedor (nacional ou estrangeiro), o resto é especulação barata!
Quando começarmos a medir o desempenho dos governadores de províncias pelo número de turistas (domésticos e estrangeiros) que a província atrai por mês e ano, pelo número (e volume) de investimento privado (doméstico e estrangeiro) que a província atrai, vamos perceber que este tipo de publicidade tem um custo para a província em primeira mão e para o país no geral. Afinal, neste tipo de estudo não dizem que numa outra província do mesmo país as coisas são muito mais baratas.
PS.: Ao que Para o caso de Luanda e num contexto onde o acesso a serviços básicos/infra-estrutura básica para se abrir um negócio é bastante oneroso, a criação de parques industriais pode ser uma alternativa viável, pelo seguinte:
1.      Num único espaço físico reduzido o governo põe a disposição dos empreendedores todas as condições (infra-estruturas básica e de telecomunicações), o que permite a estes terem um custo de produção baixo tornando os seus produtos muito mais acessíveis ao consumidor local e competitivos no mercado externo.
O desafio, em nosso entender, é assegurar que esses espaços infra-estruturados sejam atribuídos a pessoas empreendedoras que venham de facto a investir neles e não a pessoas, que somente ocupam tais espaços para depois subalugarem ou revenderem (com lucros fabulosos) a quem realmente esteja interessado em instalar uma unidade produtiva (vale aqui recordar o ditado popular “pão e pau” quem receber um espaço deve estar proibido de subalugar sob pena de vir a perder tal privilégio). Este, a nosso ver, será o próximo desafio do governo, isto é, ser capaz de manter distante dos futuros parques industriais potenciais oportunistas.
 
 

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