“O facto de Luanda ter sido classificada mais uma vez a
cidade mais cara do mundo para expatriados pode servir de publicidade para a
cidade, defendeu a jurista Lurdes Caposso.”
Fiquei chocado ao
ler que alguém ousa pensar que “publicidade gratuita” é algo necessariamente benéfico,
porque vejamos: Quando uma empresa investe em marketing publicitário não é para
perder dinheiro, a empresa espera sempre obter um retorno maior do que o investimento
feito, até porque hoje em dia falasse de marketing a vários níveis: pessoal,
institucional e até político!
Quem tem acesso a
TV por satélite tem visto publicidade de países como Angola, India, Malásia e
outros países na CNN (e em outros canais) como forma de chamarem a atenção de
potenciais “clientes” (quer turistas ou investidores) sobre as potencialidades/benefícios
que esses países oferecem. A publicidade é uma forma que as organizações têm de
gerarem demanda dos seus produtos e/ou serviços.
Se assim for, urge compreender
que mensagem esta “publicidade gratuita” está a passar para os potenciais “clientes”
da província de Luanda (turistas e até mesmo pessoas interessadas em fazer/abrir
um negócio em Luanda), reflectindo sobre o seguinte:
- Por que razão, um jovem turista de rendimento médio iria querer visitar Luanda quando até lhe ficaria mais barato ir a Nova Iorque, Londres ou Paris?
- Por que razão um empresário iria querer abrir ou mesmo transferir o seu negócio para Luanda, quando tudo indica que nesta cidade os custos operacionais seriam muito mais elevados?
São essas, a nosso
ver, as perguntas que os governantes de Luanda (e não só), deveriam tratar de
dar resposta. Que fique claro: o que conta para o crescimento económico de
um país é o GASTO feito pelo turista (durante uma visita) e o INVESTIMENTO
do empreendedor (nacional ou estrangeiro), o resto é especulação barata!
Quando começarmos a
medir o desempenho dos governadores
de províncias pelo número de turistas
(domésticos e estrangeiros) que a província atrai por mês e ano, pelo número (e volume) de investimento privado (doméstico e estrangeiro)
que a província atrai, vamos perceber que este tipo de publicidade tem um custo
para a província em primeira mão e para o país no geral. Afinal, neste tipo de
estudo não dizem que numa outra província do mesmo país as coisas são muito
mais baratas.
PS.: Ao
que Para o caso de Luanda e num contexto onde o acesso a serviços básicos/infra-estrutura
básica para se abrir um negócio é bastante oneroso, a criação de parques industriais pode ser uma
alternativa viável, pelo seguinte:
1.
Num
único espaço físico reduzido o governo põe a disposição dos empreendedores
todas as condições (infra-estruturas básica e de telecomunicações), o que
permite a estes terem um custo de produção baixo tornando os seus produtos muito
mais acessíveis ao consumidor local e competitivos no mercado externo.
O desafio,
em nosso entender, é assegurar que esses espaços infra-estruturados sejam atribuídos
a pessoas empreendedoras que venham de facto a investir neles e não a pessoas,
que somente ocupam tais espaços para depois subalugarem ou revenderem (com
lucros fabulosos) a quem realmente esteja interessado em instalar uma unidade produtiva
(vale aqui recordar o ditado popular “pão
e pau” quem receber um espaço deve estar proibido de subalugar sob pena de
vir a perder tal privilégio). Este, a nosso ver, será o próximo desafio do
governo, isto é, ser capaz de manter
distante dos futuros parques industriais potenciais oportunistas.
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