A
baixa do preço do petróleo de 115 USD em Junho 2014 (para o barril de Brent)
para próximo dos 53 USD[2]
fez com que a classe dirigente angolana percebesse que um país não pode, de
forma sustentável, depender de uma só commodity
para obtenção de divisas. Afinal, não basta apenas produzir para o mercado
interno, através da substituição das importações pela produção local, mas também
devemos pensar em criar fontes alternativas de obtenção de divisas.
Mas o que será que
vamos exportar?
Muito
recentemente ouvimos responsáveis do sector da Geologia e Minas a falarem de projectos
que visam contribuir para a tão desejada diversificação da economia, através do
aumento da exportação de diamantes e a possível exploração de outros minerais
que o país possui.
Apesar
de atractiva, essa alternativa também pode vir a não ser a solução dos nossos
males (i.e. forte dependência do sector mineral). Afinal como já afirmamos em
outros posts (ver por exemplo 1
de Março 2015) uma forte dependência no sector primário pode sempre causar
problemas no terms of trade.
Há
que produzir bens e serviços para se ter algo para exportar. Actualmente já existe
a Associação de Empresas Exportadoras de Angola e das 27 empresas membro
listadas no seu website podemos agrupa-las
nos seguintes sectores:
Serviços financeiros: 4 empresas (tratam-se essencialmente
de bancos)
Serviços Outros (incluindo turismo, imobiliário,
transporte, comércio): 10 empresas Indústria manufactureira: 6 empresas, das quais 3 do ramo de bebidas, 1 agro-industrial
Agricultura: 5 empresas das quais 4 ligadas ao sector de exploração da madeira e 1 a produção de hortofrutícolas.
Pescas: 2 empresas
Como
se pode ver temos um grande caminho a percorrer. Por exemplo, temos 14 empresas
no ramo de serviços que poderão não ser capazes de absorverem a grande oferta
de mão-de-obra não qualificada que o país possui. No ramo agrícola estamos empenhados
na exploração da madeira, pelo que poderíamos desenvolver uma indústria de produção
de mobílias para o mercado local e exportação (desde que seja competitiva). Mas
não podemos esquecer o facto de que tanto a exploração da madeira como a pesca
precisam ser bem reguladas dado ao impacto ambiental. Das 3 empresas do ramo de
bebidas, para exportação devemos contar essencialmente com duas (Cuca e Refriango)
uma vez que a terceira é a Coca-Cola que já está presente em vários mercados. Vista
desta forma podemos concluir que as nossas perspectivas não são tão animadoras.
Contudo,
segundo Jonathan Di John (SOAS, Universidade de Londres) países como Angola
necessitam perceber que indústrias muitas das agora consideradas economias
desenvolvidas desenvolveram quando tinham o seu nível de PIB per capita. Ele sugere igualmente que normalmente
é mais simples desenvolver uma industria manufactureira ligeira do que uma mais
pesada. Da análise feita a Associação de Empresas Exportadoras de Angola
podemos ver que para além de bebidas o sector industrial é ainda bastante
débil.
Há
que se criar condições para que outras indústrias surjam bem como para que o país
seja capaz de atrair (através da realocação) indústrias de outros países (ver
por exemplo o nosso post de 29
de Julho 2014 onde apresentamos um caso interessante da China). Muito do
que pode ser feito tem sido objecto da nossa análise nos vários posts neste
blog. Independentemente do rumo que o país venha a seguir numa coisa podemos
estar certo, “Devemos exportar ou morrer!”
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