Ok
parece ser uma idéia interessante, mas será que isso é algo que os paises
africanos gostariam mesmo de aproveitar? Se sim, o que poderão estes paises fazer
para serem os beneficiados?
Vamos
lá primeiro tratar de perceber por que razão a China está a “exportar” esses
empregos. Uma resposta simple é devido ao aumento de salarios na China.
Sim, os chineses já deram conta que em períodos de crise depender
excessivamente das exportações é prejudicial, logo, a política agora é criar um
mercado de consumo interno. Sendo esta a principal razão, uma vez que em termos
de infraestructuras a grande maioria dos paises africanos têm sérios problemas
e necessita de avultados investimentos a curto, médio e longo prazo (para os
mais atentos essa necessidade foi uma das razões evocadas pelos BRICS a quando
da recente criação do seu banco de desenvolvimento), os paises que desejarem
atrair para si tais empresas deverão ser capazes de garantir BAIXOS salarios
para as suas populações.
Então,
será que isso significa que paises como Angola onde os trabalhadores lutam para
verem melhoradas as suas condições sociais através, por exemplo, de um salario
mais justo (e que realmente chegue até ao final do mês), estão impossibilitados
de beneficiarem dessa grande oportunidade?
Sabendo
que 37% da nossa população está a viver com menos de 4.793 Akz mês (cf. IBEP,
2009) adoptar uma política que procura manter barata a mão de obra por si só parece,
em nosso entender, a menos apropriada.
Afinal, depois de quase 30 anos de guerra é justo que o povo deseje, agora,
gozar um pouco dos benefícios da paz através de um salário condigno. Contudo,
em jeito de meio termo, poder-se-ia adoptar outras medidas que servissem de
incentivo as empresas estrangeiras (neste caso empresas chinesas, mas
poderiamos estender tais medidas a outras) que quisessem deslocar as suas
operações para Angola. Conforme indiquei no post anterior, 24
de Julho, 2013, e que volto aqui a mencionar, o governo
poderia: garantir a população acesso a uma assistência
médica básica com alguma qualidade, educação, habitação e a um sistema de
transporte público condigno, através de uma boa aplicação das receitas
provenientes do petróleo e de outros minerais.
Outras medidas que também já foram sugeridas (ver post de 9
de Agosto de 2013) têm haver com a criação de
Zonas Economicas Especiais (ZEE) que no
caso de Angola já é um projecto em curso mas que está a precisar de
reajustes conforme mencionei no post de 10
de Julho 2014. Nessas zonas as empresas
estrangeiras poderiam desenvolver as suas actividades com um custo operacional
mais aceitável.
Vale recordar que alguns paises asiáticos como o Vietname e Mianmar
já estão a receber algumas dessas empresas (devido aos baixos salarios). Em
África parece que apenas temos o caso da Etiopia que sendo o segundo país mais
populoso a sul do Saara parece estar a tirar proveito deste factor. Paises
como Angola que pelas razões já assinaladas não poderiam competir com salários
baixos podem sim, uma vez criadas às condições acima mencionadas, tratar de
divulga-las da forma mais eficaz e eficiente possível para tirarem também proveito desta soberana oportunidade.
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