Se tivermos em mente que o foco principal da economia (neoclássica) é a
alocação de recursos (que são escassos), fica difícil perceber por que razões
os nossos experts decidiram fazer
crescer de forma equilibrada vários sectores num período de 5 anos ao invés de concentrarem esforço e
recursos em sectores que nesse mesmo período poderiam ajudar a tornar a nossa
economia mais competitiva e menos dependente de um único recurso (i.e. petróleo).
Nos posts anteriores (ver por exemplo 10 de Julho 2014, 14 de Fevereiro de 2015,) enfatizamos a necessidade de se prestar uma atenção
especial aos sectores da indústria manufactureira e agrícola, por serem aqueles
que nos poderiam segurar um rápido crescimento e oportunidades de emprego através
do “increasing returns”, isto é, economia
de escala (ver essencialmente
o post de 1
de Marco de 2015).
O gráfico abaixo analisa o valor percentual alocado, a nível do OGE, para
estes dois sectores desde 2013:
Como se pode ver neste gráfico, estes dois sectores chave para os
objectivos de diversificação da economia não têm merecido a devida atenção e
como tal não nos deveria surpreender o facto de Angola ter dificuldades no que
toca a criação de empregos em massa, e em especial para a juventude que por
sinal constitui o grosso da população.
A história do desenvolvimento recente de muitos países, com especial enfase
aos asiáticos, nos mostra que lá o esforço não foi
no sentido de garantir o “crescimento equilibrado dos vários sectores”[1], mas
sim prestou-se uma especial atenção a sectores que pudessem assegurar a partida
(1) uma economia
de escala, (2) ligações com outros
sectores da economia, (3) empregos
em massa, (4) exportações
(consequentemente moeda externa) e (5) impostos.
Será que não conseguimos compreender essas interligações?
Uma outra lição
que se pode depreender do desenvolvimento ocorrido (em países como a Taiwan e
Coreia do Sul) e que ainda ocorre (hoje em países como o Vietname, Camboja) foi
o facto de estes países não só terem sabido identificar os sectores que geraram
(e têm gerado) economia de escala, como também identificaram aqueles promotores/empreendedores que fossem capazes
de garantir efeitos multiplicativos dos recursos postos a sua disposição. A
estes beneficiários foi-lhes dado objectivos bem definidos e em caso de fracasso
houve penalizações.
Falta-nos ainda dois (2) anos para que possamos avaliar que
metas, definidas no Plano de Desenvolvimento Nacional, foram alcançadas. Contudo,
sabe-se que o PIB de Angola tem estado a crescer abaixo dos 5% ano e sectores
vitais não têm estado a merecer a devida atenção. Assim sendo, acreditamos que o
executivo em Angola, precisa analisar
o que acontece em outras partes do mundo e rapidamente aprender com os bons
exemplos e ser mais pragmático se desejar evitar fracassos.
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