Tendo Angola uma
população relativamente jovem[2] é necessário
percebermos que a criação de empregos capazes de garantir uma melhoria das condições
sociais dos trabalhadores e consequentemente garantir uma certa estabilidade
laboral (e social) deverá advir da nossa capacidade de criarmos uma indústria
manufactureira forte.
No nosso post de
1
de Março 2015 explicamos que Agostinho
Neto através da sua célebre frase “A
agricultura é a base do desenvolvimento e a indústria é o factor decisivo” já nos havia deixado uma pista de como resolver o
problema da criação de empregos sustentáveis. Nos socorremos de Kaldor (1967)
para explicar que para Angola criar “increasing returns”, isto é, economia de escala e melhorar os seus “terms of trade” (i.e. termos de
negociação) deveria desenvolver o seu sector industrial manufactureiro.
A 20 anos atrás
o Banco Mundial através do seu relatório sobre o desenvolvimento mundial de
1995 com o título Workers in an
Integrated World[3]
indicou que o crescimento económico na Malásia e Polónia permitiu reduzir
o auto-emprego, tido nesta perspectiva como uma actividade informal. Os dados
mostram-nos que em 1957 a Malásia tinha 27% neste sector de actividade (i.e.
auto-emprego) mas que em 1989 reduziu para 20%. A Polónia tinha 32% em 1955
reduziu para 23% em 1990. Por outro lado, o relatório assinala que houve um
aumento de trabalhadores assalariados e incorporados no mercado formal de
trabalho (na Malásia aumentou de 35% em 1957 para 42% em 1989 ao passo que na
Polónia aumentou de 41% em 1955 para 52% em 1990).
Contudo, os
dados que o relatório nos apresenta sobre o Gana dão-nos uma perspectiva
completamente diferente. O auto-emprego aumentou de 58% em 1960 para 59% em
1989 ao passo que a percentagem de trabalhadores no sector formal da economia
manteve-se nos 14% em ambos os períodos cf. WB[4]
(1995:16).
Hoje podemos
claramente ver em que posição, na economia mundial, cada um dos 3 países acima
apresentados se encontra e nos perguntar: Será
que em Angola vamos reinventar a roda?
[1] A taxa de desemprego em Angola é apresentada
como estando a volta dos 26%, cf. African
Economic Outlook disponível em
http://www.africaneconomicoutlook.org/en/country-notes/southern-africa/angola/
[2] Segundo o Observatório
Economico do Instituto de Fomento Empresarial de Angola, 46% da população
angolana estão numa faixa etária abaixo dos 15 anos de idade.
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