A este fenómeno ocorrido na INGLATERRA Marx chamou
de “acumulação primitiva do capital” (ou poderíamos chamar de “expropriação”).
O mesmo fenómeno ocorreu nos demais países europeus e depois em outras partes como
na América do Norte, tendo-se finalmente espalhado pelo resto do mundo com o
processo de colonização.
A “acumulação primitiva” representa assim o que
aconteceu na Inglaterra, ou seja a génesis do sistema de produção capitalista. Contudo,
esse fenómeno é recorrente. Para essa segunda vaga do mesmo fenómeno Harvey (2005:116)
chama de “accumulation by dispossession”
(acumulação por expropriação) Samir Amin chamou de “acumulação da acumulação
primitiva do capital” mas como ele mesmo explicou, em Abril deste ano num seminário
realizado em SOAS, Universidade de Londres, este termo era muito longo
para ser bem aceite. Hoje para explicar esse mesmo fenómeno existe um termo muito
mais bem aceite “ PRIVATIZAÇÃO”!
O processo de privatização acaba por criar o que o
processo de acumulação primitiva do capital criou na INGLATERRA uma classe de indivíduos
que perde uma fonte segura de renda e de reprodução social, ficando exposta as
regras (muitas vezes selvagens) do mercado. Acho que estamos todos recordados
de qual foi o resultado do processo de privatização ocorrida em Angola nos anos
90s. Vale perguntar: Aumentou ou não o desemprego? E o que aconteceu aos
desempregados?
Partindo do princípio que após a independência de
Angola quase tudo passou a ser um bem comum gerido pelo Estado em nome do povo
[digo “quase tudo” porque mesmo depois da independência Angola não deixou de
ter propriedade privada] logo, NAO seria correcto dizer que em Angola esteja a
ocorrer uma “acumulação primitiva do capital” como Marx nos apresenta em Das Capital mas sim algo parecido com a “accumulation by dispossession”, isto é, uma privatização do bem comum.
PS:
Poderíamos fazer uso do que nos ensina a economia neoclássica para justificar
esse processo de privatização mas tal exercício representaria uma outra reflexão
(i.e. um outro tema para um outro momento).
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