Segundo o website
de notícias Macauhub.com Angola é o ÚNICO país africano cujo investimento no
estrangeiro foi superior ao volume de Investimento Directo Estrangeiro recebido
em 2013. Isso significa que em 2013 os Angolanos preferiram investir mais no
estrangeiro do que no seu próprio país. Apesar de muitos poderem achar que
isso talvez seja um sinal da grande capacidade financeira de Angola (muito
aludida nos últimos anos), vale reflectirmos sobre o seguinte:
1. Será que existe uma
falta de confiança dos angolanos com certo poder financeiro de poderem ter um
maior retorno caso façam os seus investimentos no país?
2. Em que sectores os angolanos
mais investiram no estrangeiro (a notícia faz menção do caso dos investimentos
da Sonangol no sector petrolífero de Portugal, Brasil, São Tomé e Cabo-Verde,
bem como de investimentos privados no sector bancário português e investimentos
na mídia portuguesa através da aquisição de alguns periódicos).
Como de pode ver
muitos dos investimentos feitos no estrangeiro foram direccionados para o
sector de serviços e não para o sector produtivo. De qualquer forma, a verdade
é que se por um lado existem angolanos interessados em investir e encontram no
estrangeiro essa possibilidade, por outro lado existe internamente uma demanda
por investimento no sector produtivo. A questão chave seria: Como reconciliar
estes dois interesses?
Se analisarmos o
que acontece em alguns países asiáticos como o caso mais recente da Coreia do
Sul e Taiwan, vemos que nesses países as elites reinvestem no país mais de 70%
dos seus ganhos. Isso é possível porque lá o ESTADO direcciona o
investimento. Fazendo uma comparação com o caso de Angola, podemos
facilmente notar que esse não parece ser o nosso caso. Se assim for vale
questionar o que é que faz com que alguns angolanos prefiram investir fora do
país ao invés de, por exemplo, investirem no sector produtivo do país? O que é
que facilita essa saída de capital, em forma de investimento angolano no
estrangeiro, quando o país mais precisa desse capital? O que se poderá fazer
para se desencorajar a saída de capital e aumentar o investimento privado nacional
no sector produtivo nacional (afinal o governo está a investir nas infra-estruturas)?
A luz do que foi
acima exposto, parece correcto dizermos que Angola TALVEZ não necessita tanto
de investimento directo estrangeiro, como muitas vozes nos fazem crer, mas sim
de adoptar políticas que possam:
- Incentivar aqueles angolanos com capital a investirem MAIS no país, em geral, e em particular no sector produtivo do país e com isso contribuírem para a criação de mais empregos (para a juventude em especial).
Mas para se
materializar esse propósito é imperioso começarmos a pensar mais no país que gostaríamos
de ter num futuro próximo afinal se não formos nós, o capital estrangeiro muito
pouco vai fazer para tornar esse sonho nosso em realidade.