Mas o por quê tanta
gente está a favor e outros tantos contra e o que se pode fazer com tudo isso?
Pois bem vamos reflectir sobre o assunto de uma forma breve, mas objectiva.
Os proponentes de uma
zona de comércio livre (seja ela qual for) baseiam as suas posições na teoria
da vantagem comparativa proposta por
David Ricardo, segundo a qual os países beneficiam-se mutuamente quando se
especializam na produção de produtos que lhes garantam certa vantagem
comparativa (isto é productos produzidos a um custo de produção mais baixo que
os seus parceiros). Os benefícios, segundo os defensores desta medida, surgem porque
tal medida aumenta a concorência no mercado (agora livre de ‘obstáculos’) e
nele apenas sobrevivem os que conseguem produzir com melhor qualidade e claro
com mais eficiência (redução de custos). Como evidência tem-se indicado o caso
europeu onde todos os paises parecem estar a beneficiar da zona de livre mercado.
Dizemos “parecem” porque a crise economica acabou por mostrar quem foram os
grandes ganhadores e perdedores no contexto europeu.
Falando concretamente
da SADC existe um estudo de Emilio Dava (2012) que sugere que a liberalização
do comércio na zona da SADC (ele analisou 7 países dessa zona a saber: Africa
do Sul, Botswana, Ilhas Maurícias, Madagascar, Moçambique, Tanzânia e Zâmbia)
parece trazer crescimento económico. Apresentado desta forma, podemos argumentar
que a integração numa zona de comércio livre na região da SADC deveria trazer
para Angola inumeros beneficios.
Os opositores de tal medida
sugerem muitas vezes que uma rápida adesão à zona de comércio livre no actual
estágio de desenvolvimento de Angola poderia influenciar negativamente o
crescimento sustentável da nossa indústria nascente uma vez que elas estariam em
desvantagem concorrencial perante empresas com mais experiência. Para sustentar
essa posição podemo-nos socorrer de trabalhos de autores como Alexander
Hamilton (politico norte-americano), G. Friedrich List (economista alemão) e
recentemente autores como Alice Amsden ou Ha-Joo Chang que argumentam que não
existe nenhum país, dos agora países ricos, que tenha chegado a este estágio
graças ao comércio livre (ou através da simples aplicação de politicas de boa
governação, combate a corrupção dentre outras medidas defendidas hoje por
organizações internacionais como o Banco Mundial e o FMI). Todos eles tiveram
que aplicar medidas protecionistas na fase inicial do seu desenvolvimento e
apenas muito mais tarde (quando já estavam num estágio mais avançado) adoptaram
uma posição mais liberal. Afinal, o comércio entre dois países só é mutuamente
benéfico se ambos estiverem num mesmo estágio de desenvolvimento. De contrário,
um deles poderá tirar maior vantagem dessa integração (podemos aqui mencionar o
caso do México com a NAFTA).
Em suma: A
liberalização de comércio entre dois paises (ou mais) gera benefícios mútuos
quando os mesmos se encontram em igual estágio de desenvolvimento, de contrário
ganha mais o que estiver mais desenvolvido.