Existem vários problemas com este
tipo de visão dualista. Vamos nesta breve reflexão abordar algumas das
implicações.
Nesta visão subentende-se que o
sector agrícola é menos productivo que o sector industrial e como tal a ele
deve ser dada menos atenção. Todavia, se olharmos para a história do
desenvolvimento dos agora países desenvolvidos podemos ver que o
desenvolvimento industrial só foi possível graças a um aumento de
productividade no sector agrícola. Isso significa que países como o Reino
Unido, EUA, Alemanha, rercentemente o Japão, Coreia do Sul, Taiwan conseguiram
se desenvolver industrialmente porque o sector agrário nesses países conseguiu
atingir niveis altos de productividade. Em suma, podemos afirmar que sem uma
agricultura desenvolvida e bastante productiva estes países (citados) não
seriam capazes de criar uma indústria forte. Apresentado desta forma o papel do
sector agrícola no desenvolvimento industrial dos agora países desenvolvidos
não pode ser negligenciado.
Para o caso de Angola fala-se
muito da necessidade de se diversificar a economia, especialmente numa altura
em que o preço do petróleo bruto nos mercados internacionais parece estar em
queda. Contudo, pouco se fala das medidas a serem adoptadas para que possamos
começar a aumentar a productividade do nosso sector agrícola. Fala-se da
necessidade do país se (re)industrializar mas parece que queremos ser o único
país a fazer isso sem agricultura! Em suma: não é possível falar-se em
transformação estrutural em Angola pensando apenas na movimentação de recursos
de um sector menos productivo (i.e. agricultura) para outro de maior
productividade. Para o caso de Angola e tendo em conta a história do
desenvolvimento em outros paises, é importante percebermos que a nossa transformação estrutural terá que passar
necessariamente pelo aumento da productividade no sector agrícola e a partir
daí termos as bases para uma rápida (re)industrialização.