No nosso primeiro post
sobre este assunto, 1
de Julho 2016, chamamos a atenção ao facto do BNA estar a fazer a alocação das
divisas por sector sem indicar de forma clara
quem eram os beneficiários bem como indicamos a ausência de um follow up onde pudéssemos “apreciar o
impacto desses recursos nos sectores (e empresas) priorizados quer seja em
termos de aumento do volume da produção, receitas ou ainda em termos de
empregos gerados ou mantidos”. Isso porque num outro post, 19 de Fevereiro de 2016, havíamos já indicado que
em tempos de crise “existe a real necessidade de se identificar e apostar em
sectores (produtos e produtores) capazes de gerarem um efeito multiplicativo dos poucos
recursos que lhes sejam disponibilizados”, gerando empregos, volumes que
permitam a substituição das importações e receitas através da exportação.
Ao tomarmos conhecimento, por via dos jornais publicados em
Luanda, que o BNA prevê mudar a actual regra no mercado cambial alocando 80% das divisas a 5 ou 6 bancos, que
segundo nos adianta uma das publicações tratam-se dos seguintes bancos: BAI, BIC, Banco
Económico, Banco Millennium Atlântico, BNI e Banco Sol[1]
controlados por capitais angolanos (os outros 20% para os demais), tendo sido
apontado como critério a “robustez e solidez” dos mesmos.
Se tivermos em conta a estrutura accionista desses bancos[2]
precisamos nos interrogar se essa opção vai resultar no que foi acima
apresentado, isto é, se o BNA vai conseguir fazer com que esses bancos priorizem o sector produtivo, fazendo um follow
up, publicando de forma transparente o processo de alocação, identificando
os beneficiários para que possamos depois exigir deles resultados a saber “empregos,
volumes que permitam a substituição das importações e receitas através da
exportação”. Será que o BNA vai conseguir disciplinar
aqueles bancos que priorizarem a importação de bens de luxo?
É importante referir que o problema actual não está na falta de alocação de divisas mas que devido a
falta de informação sobre os reais beneficiários temesse que as poucas divisas estejam
a ser alocadas a sectores que não criem empregos (para a juventude), que não aumentem
a produção nacional (reduzindo as importações e saída de divisas) e que não criem
valências que possam permitir ao sector produtivo exportar e com isso trazer mais divisas para o país. Enfim que
estejam a ser usadas para compra de viaturas de luxo, casas no exterior e
viagens de recreio.
Apresentado desta forma compreendesse que o caminho para se ter
mais divisas disponíveis (para além de ‘rezar’ para o aumento do preço do petróleo)
é fazer chegar recursos a aqueles sectores e produtores
que possam rapidamente gerar um efeito
multiplicativo. Feito desta forma vamos criar um ciclo virtuoso, vamos ter mais recursos para
que outros sectores se desenvolvam. Este exercício, que parece simples,
requer um compromisso sério com o
desenvolvimento de Angola.
Enfim, vamos agora acompanhar com bastante atenção o desenrolar deste processo!