O caso Chinês e não só…
Hoje diz-se que
é devido a “cultura Chinesa” baseada no Confucionismo que a China atingiu o
nível de desenvolvimento que apresenta nos nossos dias. Essa “cultura” faz com
que o povo Chinês se dedica ao trabalho. Contudo
fica a pergunta: Se assim fosse, por que razão não atingiu a China tal
nível de desenvolvimento a muito mais tempo, uma vez que o Confucionismo é uma
religião milenar? Já agora vale também perguntar: Por que razão o capitalismo não surgiu na China? E para
que conste que isso não se aplica apenas ao caso Chinês, Ha-Joo Chang (2005)
sugere que antes de empreenderem com sucesso o seu processo de industrialização
as pessoas de países como a Alemanha
e Japão também eram tidas como
preguiçosas por pessoas de países, na altura, mais desenvolvidos. Hoje,
acreditamos que a conversa é diferente!
O caso de Angola
O factor guerra
destruiu os meios de produção e gerou uma dependência excessiva no petróleo,
cujas receitas são controladas centralmente pelo Executivo. Ao longo dos anos
as pessoas foram se habituando a ideia de estarem dependentes, de esperarem que
alguém faça tudo por elas. A reforçar esse tipo de mentalidade podemos citar a construção do socialismo em período de
guerra. Como se sabe numa sociedade socialista as decisões importantes são
tomadas a nível central, existe um grande controlo sob a actividade produtiva;
dai que apesar de o “espirito” empreendedor nunca ter morrido em Angola, evoluiu
de uma forma diferente, isto é, transformou-se em esquemas, “biscatos” para
sobrevivência mas que até a este nível necessitava-se de uma ligação com alguém
com influência para agilizar tal esquema/biscato.
Em suma, dizer
que o angolano não tem apetência para o trabalho não é correcto de todo. Afinal
tal como o chinês (a pouco tempo) e antes deles os alemães e japoneses também o
fizeram, temos sim que incentivar a mudança
de mentalidade, criando oportunidades e desafiando as mentes, para tal, programas
credíveis de apoio ao empreendedorismo poderão ser bem-vindos. Afinal quando o
censo de 2014 nos mostrou que na altura (porque hoje acreditamos que o número
seja superior) 24% da população activa estava desempregada, devemos pensar que 24%
da população está a ver coarctado um direito constitucionalmente consagrado que
é o direito ao trabalho (artigo 76º da constituição de 2010).