É um facto que em condições normais, qualquer pessoa detentora
de uma poupança (independentemente da forma como a adquiriu) opta por
investi-la. Quem assim o faz, acaba por fazer lá onde houver garantia de um
maior retorno. Sobre isso pensamos nós que não há dúvida. No nosso post de 28
Setembro 2014 tratamos de reflectir sobre a notícia segundo a qual Angola era
o “ÚNICO país africano cujo investimento no estrangeiro foi superior ao volume
de Investimento Directo Estrangeiro recebido em 2013". Neste início de
ano tratamos de indagar a questão do repatriamento dos dividendos resultantes
desses investimentos.
Apesar de ser um país potencialmente rico é preciso não nos
esquecermos que Angola é um país em desenvolvimento e como tal precisa de investimentos,
com especial ênfase para os investimentos no sector produtivo (agricultura, indústria).
Esse facto acima apresentado e revelado pela Conferência das Nações Unidas
sobre Comércio e Desenvolvimento (e publicado no site Macauhub.com),
serviu para mostrar, na altura, que havia mercados mais rentáveis em termos, talvez, de retorno dos investimentos do que o mercado de Angola. Mencionamos na altura
que era importante “[…] questionar o que é que faz com que alguns angolanos prefiram investir
fora do país ao invés de, por exemplo, investirem no sector produtivo do país?”
O investimento num país estrangeiro não é mau de todo se deste
houver um retorno positivo, de preferência superior ao que se conseguiria no
mercado local, ou se tratar-se de um investimento muito mais seguro do que
poderia ser neste mesmo mercado local. Apresentado desta maneira simplista,
esse investimento contribui para a diversificação e mitigação dos riscos.
Para o caso dos investimentos angolanos no exterior, quaisquer
que tenham sido as motivações desses investimentos, que como nos mostra a
figura 1 abaixo têm vindo a crescer, é necessário que o Executivo tenha políticas
(uma vez que terão sido por si autorizados via Banco Nacional de Angola, o
Banco Central em Angola) com vista a assegurar que uma vez realizados, o país possa
beneficiar com o repatriamento dos lucros desses mesmos investimentos. Somos
mesmo a sugerir que seja apresentado um relatório onde possa ser visível essa conquista
(nem que seja como forma de mostrar que Angola dá as empresas que cá investem
mas também recebe dos investimentos feitos no exterior).
Claro que estamos conscientes que qualquer investimento tem o
seu tempo de maturação. Mas, mais uma vez vendo a nossa Figura 1 acima podemos notar
que, por exemplo, existem investimentos feitos desde 2004 ou até 2005/2006 e
como estamos em 2017 já se passaram mais de 10 (dez) anos. Pelo que, vale
indagar: Onde andarão os dividendos dos investimentos angolanos no exterior?