sábado, 21 de janeiro de 2017

Onde andarão os dividendos dos investimentos angolanos no exterior?

É um facto que em condições normais, qualquer pessoa detentora de uma poupança (independentemente da forma como a adquiriu) opta por investi-la. Quem assim o faz, acaba por fazer lá onde houver garantia de um maior retorno. Sobre isso pensamos nós que não há dúvida. No nosso post de 28 Setembro 2014 tratamos de reflectir sobre a notícia segundo a qual Angola era o “ÚNICO país africano cujo investimento no estrangeiro foi superior ao volume de Investimento Directo Estrangeiro recebido em 2013". Neste início de ano tratamos de indagar a questão do repatriamento dos dividendos resultantes desses investimentos.

Apesar de ser um país potencialmente rico é preciso não nos esquecermos que Angola é um país em desenvolvimento e como tal precisa de investimentos, com especial ênfase para os investimentos no sector produtivo (agricultura, indústria). Esse facto acima apresentado e revelado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (e publicado no site Macauhub.com), serviu para mostrar, na altura, que havia mercados mais rentáveis em termos, talvez, de retorno dos investimentos do que o mercado de Angola. Mencionamos na altura que era importante “[…] questionar o que é que faz com que alguns angolanos prefiram investir fora do país ao invés de, por exemplo, investirem no sector produtivo do país?

O investimento num país estrangeiro não é mau de todo se deste houver um retorno positivo, de preferência superior ao que se conseguiria no mercado local, ou se tratar-se de um investimento muito mais seguro do que poderia ser neste mesmo mercado local. Apresentado desta maneira simplista, esse investimento contribui para a diversificação e mitigação dos riscos.


Para o caso dos investimentos angolanos no exterior, quaisquer que tenham sido as motivações desses investimentos, que como nos mostra a figura 1 abaixo têm vindo a crescer, é necessário que o Executivo tenha políticas (uma vez que terão sido por si autorizados via Banco Nacional de Angola, o Banco Central em Angola) com vista a assegurar que uma vez realizados, o país possa beneficiar com o repatriamento dos lucros desses mesmos investimentos. Somos mesmo a sugerir que seja apresentado um relatório onde possa ser visível essa conquista (nem que seja como forma de mostrar que Angola dá as empresas que cá investem mas também recebe dos investimentos feitos no exterior).
















Claro que estamos conscientes que qualquer investimento tem o seu tempo de maturação. Mas, mais uma vez vendo a nossa Figura 1 acima podemos notar que, por exemplo, existem investimentos feitos desde 2004 ou até 2005/2006 e como estamos em 2017 já se passaram mais de 10 (dez) anos. Pelo que, vale indagar: Onde andarão os dividendos dos investimentos angolanos no exterior? 

Desafios para Angola em 2017 (e adiante)

Para este ano, 2017 (e adiante) diversificar a economia de Angola, vai ser sem dúvida o maior desafio de qualquer Governo. Em nosso entender muito do que apresentamos como desafio para 2016 ainda continua valido e voltamos neste post a actualizar:

(1) Necessidade de haver por parte do Executivo um certo pragmatismo para fazer apenas o que agrega valor. No caso dos pólos industriais, por exemplo, dever-se-ia primeiro tratar de por a funcionar bem os que hoje estão em funcionamento, Viana e Catumbela, tirar-se ilações desta experiência antes de expandir-se para outras áreas.

(2) Condicionalismo no que ao acesso a recursos diz respeito. O Executivo acaba de aprovar uma Linha de Crédito para financiar jovens empresários. Devemos evitar os erros anteriores como foi o caso do programa BUE. O financiamento deve ser dado a empreendedores capazes de se comprometerem a atingirem metas de produção, receitas, empregos, volume de exportação bem definidas sob pena de verem retirados tais benefícios e terem penalizações. Isso aplica-se tanto no acesso a divisas (que o BNA disponibiliza) como as linhas de crédito.

(3) Rigor no que se propõe fazer atendendo ao facto de que os recursos ao dispor do processo de diversificação são limitados e Angola tem uma necessidade urgente de diversificar as suas fontes de divisas.

Enfim, tudo o que acabamos de apresentar passaria por melhorar o actual sistema de coordenação das actividades viradas a diversificação. Neste blog temos dado algumas pistas, pelo que resta ao leitor (ou leitora) avaliar.