O FMI no seu
comunicado de imprensa verdadeiramente sugeriu que seria “fundamental alinhar melhor a massa salarial no sector público, em percentagem do PIB,
com a nova realidade de receita orçamental” [nosso ênfase]. Dai dizermos que o FMI
está a sugerir uma redução no salário [por si só já magro] da função pública é
um outro exercício. Mas então a que se deveu as reacções que vimos nas redes
sociais?
Em nosso
entender tal reacção poderia encontrar respaldo no que a teoria económica chama
de Rational Expectations Theory [traduzindo: teoria das expectativas racionais]. Ela nos sugere que os agentes económicos tomam decisões
baseando-se nas informações disponíveis e nas experiências passadas.
Se olharmos para o que aconteceu com o
aumento do preço dos combustíveis notamos que o que o FMI havia sugerido, numa
visita idêntica, foi o aumento gradual do preço bem como sugeriu um preço
máximo de 115 Kwanzas. Todos nós sabemos qual foi a realidade material.
Tivemos uma subida brusca dos preços e tal aumento ultrapassou o que havia sido
inicialmente recomendado!
Analisado o problema desta forma podemos
ver que quem está nervoso hoje até tem alguma razão de estar uma vez que tendo
em conta a experiência passada, a luz do que nos ensina a teoria das
expectativas racionais, espera-se que o governo aproveite essa recomendação
para fazer o mesmo que fez com o preço dos combustíveis mesmo que não haja indício
de momento. Afinal como diz um ditado Chinês “se você me engana uma vez, a
vergonha é sua, se você me engana duas vezes a vergonha é minha!”
P.S.: No
nosso post de 21
de Maio de 2014 argumentamos que um bom salário
contribuía significativamente para o aumento
de produtividade dos trabalhadores. Reduzir o salário em nosso entender
originaria um processo inverso bem como poderia causar uma certa instabilidade
social, algo que poderia minar o não tão confortável ambiente de negócios do país.
Poderíamos considerar reduzir o número de administrações comunais/municipais
existentes, reduzir o número de vice-governadores, ministérios e secretários de
estado. Mas como sabemos que tal redução não seria politicamente viável ficamos
pela sugestão da aplicação do método de gestão
por objectivos. Quem não fosse capaz de atingir as metas definidas poderia
ver o seu posto de trabalho extinto. Afinal é na crise que emergem os grandes líderes
e gestores.
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