domingo, 16 de agosto de 2015

Os Caminhos da Transformação Estrutural em Angola: Agricultura no perímetro irrigado de Caxito

Algum tempo atrás ao lermos um dos jornais da nossa cidade, ficamos a saber que o Perímetro Irrigado de Caxito arrecada anualmente 120 milhões de US Dólares (produzindo essencialmente banana e hortícolas) e que está-se já a pensar em exportar parte da produção de banana para o Congo Democrático.

Este facto fez-nos recordar um outro caso semelhante que ocorre no Vale do São Francisco no Nordeste do Brasil (Selwyn 2007). No Vale do S. Francisco criou-se uma estrutura capaz de dar suporte aos produtores locais, através de formação contínua em técnicas de produção e melhoramento da qualidade do que se produz, tornando-os competitivos nos mercados externos.

O exemplo de S. Francisco poderia ser levado em consideração nos vários perímetros irrigados que o país tem estado a por em funcionamento. Nos dias de hoje, e no âmbito da necessidade que Angola tem de diversificar as suas exportações, a entidade gestora de um perímetro para além de disponibilizar água e luz eléctrica deve auxiliar os produtores através de acções que permitam (1) identificação de mercado interno e externo para os vários produtos cultivados no seu espaço, (2) formação contínua dos produtores (e seus colaboradores) – introdução de novas técnicas de produção com vista a aumentar-se a produtividade e reduzir-se os desperdícios, (3) auxiliar os produtores a adequarem-se as exigências do mercado externo e tornarem-se competitivos nesses mercados, (4) ter programas de gestão da qualidade total do sistema produtivo e criar incentivos para que os mesmos sejam adoptados pelos produtores, (5) incentivar investimentos adicionais que possam facilitar o processo de exportação (e.g. investimento na produção de embalagens que ajudem a preservar a qualidade do produto a ser exportado, transportação especializada).

Enfim, para que os nossos perímetros irrigados possam começar a fazer a diferença, eles devem disponibilizar algo mais do que água e luz eléctrica, devem disponibilizar outros serviços e serem capazes de criar a sua volta um cluster que possa dar suporte as actividades dos produtores residentes. Isso não acontece por acaso, carece de planeamento, investimento e aprendizado. Quanto ao investimento adicional, ele não tem que ser necessariamente publico, pode ser privado (nacional e/ou estrangeiro) ou uma combinação de ambos.

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