sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Sobre a dívida pública em Angola: Depois do pão só falta mesmo o pau!

O Executivo angolano decidiu separar a dívida pública entre (1) dívida do aparelho governativo da (2) dívida das empresas públicas (aquelas em que o Estado é o principal accionista ou até mesmo o único accionista). Poderíamos entender esta decisão, como uma forma de pressionar essas empresas a serem mais produtivas e rentáveis. De lembrar que este ajuste permitiu ao Executivo manter a dívida, do aparelho governativo, dentro dos parâmetros de referência definidos por lei i.e. ≤ 60% do PIB.

Ao lermos no Expansão (12 de Janeiro 2018, pág. 22) que o Estado assumiu 10 mil milhões USD da dívida da Sonangol (dívida acumulada até 2015), não podemos deixar de notar que acaba por ter razão o FMI quando continuou a calcular a dívida pública angolana ‘juntando’ a do aparelho do estado e a das empresas públicas, apesar do protesto do Executivo angolano.

Dizem os especialistas das agências de rating que depois do commodity boom, a dívida pública nas economias emergentes, com particular atenção aquelas economias na África subsaariana, representa o principal risco para os investidores. Para o caso de Angola, numa altura em que ouvimos vozes solicitando a vinda de investidores estrangeiros, vemos que fica cada vez mais difícil atrair dinheiro alheio, pelo que, tínhamos razão quando apelamos o retorno do capital angolano ‘parqueado’ no estrangeiro[1]!   

Sendo accionistas desta ‘empresa’ chamada Angola, acredito ser de direito perguntarmos o que fez a Sonangol com esses 10 mil milhões? Qual tem sido a retorno deste gasto? Enfim, se o país vai assumir as dívidas contrariadas pelos vários gestores de empresas públicas então também é de direito, definir metas concretas para cada um deles e responsabilizar quem não apresentar resultados positivos i.e. dar pão e pau!    




[1] Wanda, F. (2017) ‘Solução para recuperação da economia? Repatriar o capital de angolanos no estrangeiro já – Convidado’, Expansão, Edição 440, 22 Setembro.

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