Ao lermos nos jornais
online que o Executivo em Angola
estava a ‘prender’/multar agentes económicos por especulação i.e. aumento de preços ‘sem’ justificação lembramo-nos do nosso texto de 5
Setembro de 2015. Neste texto explicamos de uma forma breve o que a teoria
económica chama de Rational Expectations Theory [traduzindo: teoria das expectativas racionais]. A Rational Expectations Theory nos sugere
que os agentes económicos tomam decisões baseando-se nas informações
disponíveis e nas experiências passadas.
Ficamos com a impressão de que ao decidir
adoptar medidas de repressão o Executivo, apesar de estar correcto
ao afirmar que as mercadorias foram importadas com uma taxa de câmbio mais favorável,
esquecesse que esse mesmo agente económico NÃO vai conseguir voltar a
importar caso não ajuste o preço, afinal com a depreciação do Kwanza,
está mais caro importar! Vale relembrar que, em Angola, o único agente económico
que monta um negócio e muitas vezes, para perder dinheiro é o Estado[1]! Como
resultado, à médio prazo vai haver uma REDUÇÃO na oferta deste produto. Pelo
que, precisamos perguntar ao Executivo: Será
que existem condições para que haja produção local deste mesmo produto ou de um
outro substituto? Acreditamos que neste caso está mais ou menos claro quem
vai sofrer a médio prazo, certo?
Voltamos a retorquir aqui o que já dissemos
antes i.e. Angola precisa produzir os bens alimentares que mais consome[2]. Mas se
tivermos em conta que o crescimento de 5.9% esperado para o sector da
agricultura em 2018 está, também, dependente das quedas pluviométricas[3], quando o
Executivo poderia, por exemplo, dinamizar os perímetros irrigados. Fica
claro que se 2018 vai ser um ano duro, 2019 não poderá ser melhor caso não sejam
tomadas as medidas que se mostram necessárias para a produção local de bens e serviços.
Estes incidentes apenas nos mostram
que mudam-se os tempos mas mantêm-se os velhos hábitos i.e. ao depreciar o
Kwanza o Executivo já deveria saber que os agentes económicos iriam igualmente ‘reajustar’
os preços, dever-se-ia antes assegurar um AUMENTO da oferta e não privilegiar
uma medida de repressão populista que no curto prazo anima a população mas
no médio prazo agrava ainda mais a sua condição social, com a redução da
oferta de bens e serviços. Afinal, a Economia é uma ciência social e como nos
ensina a sabedoria popular “Se você me engana uma vez, a vergonha é sua, se
você me engana duas vezes a vergonha é minha!”
[1] Lembramos aqui rapidamente
do Banco CAP, ANGONAVE apenas para citar algumas dessas empresas em que o
Estado perdeu dinheiro.
[2] Wanda, F. (2017) “A
Reserva Estratégica Alimentar do Estado: Uma oportunidade para se corrigir o que está mal e criar demanda
intersectorial em Angola – Analise”, Novo Jornal
(online) disponível online 2 Aug. http://www.novojornal.co.ao/economia/interior/a-reserva-estrategica-alimentar-do-estado-uma-oportunidade-para-se-corrigir-o-que-esta-mal-e-criar-demanda-intersectorial-em-angola-40909.html
[3] Ler Governo de Angola (Out.
2017) Plano Intercalar (Outubro 2017 – Março 2018) Medidas de Politica e Acções
para Melhorar a Situação Económica e Social Actual, pág. 52.
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