Este
facto fez-nos recordar um outro caso semelhante que ocorre no Vale do São
Francisco no Nordeste do Brasil (Selwyn 2007). No Vale do S. Francisco criou-se
uma estrutura capaz de dar suporte aos produtores locais, através de formação contínua
em técnicas de produção e melhoramento da qualidade do que se produz,
tornando-os competitivos nos mercados externos.
O
exemplo de S. Francisco poderia ser levado em consideração nos vários perímetros
irrigados que o país tem estado a por em funcionamento. Nos dias de hoje, e no âmbito
da necessidade que Angola tem de diversificar as suas exportações, a entidade
gestora de um perímetro para além de disponibilizar água e luz eléctrica deve
auxiliar os produtores através de acções que permitam (1) identificação de
mercado interno e externo para os vários produtos cultivados no seu espaço, (2)
formação contínua dos produtores (e seus colaboradores) – introdução de novas técnicas
de produção com vista a aumentar-se a produtividade e reduzir-se os desperdícios,
(3) auxiliar os produtores a adequarem-se as exigências do mercado externo e
tornarem-se competitivos nesses mercados, (4) ter programas de gestão da
qualidade total do sistema produtivo e criar incentivos para que os mesmos sejam
adoptados pelos produtores, (5) incentivar investimentos adicionais que possam facilitar
o processo de exportação (e.g. investimento na produção de embalagens que
ajudem a preservar a qualidade do produto a ser exportado, transportação especializada).
Enfim,
para que os nossos perímetros irrigados possam começar a fazer a diferença, eles
devem disponibilizar algo mais do que água e luz eléctrica, devem disponibilizar
outros serviços e serem capazes de criar a sua volta um cluster que possa dar suporte as actividades dos produtores
residentes. Isso não acontece por acaso, carece de planeamento, investimento e aprendizado.
Quanto ao investimento adicional, ele não tem que ser necessariamente publico,
pode ser privado (nacional e/ou estrangeiro) ou uma combinação de ambos.