terça-feira, 1 de março de 2016

Alguém poderia dizer-nos quando é que o Executivo vai definir uma estratégia para saída da crise?

Ao lermos em vários jornais publicados na nossa capital o título do memorando elaborado pelo nosso Executivo que passamos a citar “Linhas Mestras para a Definição de uma Estratégia para a Saída da Crise Derivada da Queda do Preço do Petróleo no Mercado Internacional” demos conta de duas situações: (1) o título é realmente bastante longo, (2) o governo ainda não definiu uma estratégia para saída da crise!

Pelo título compreendesse que o memorando visa ajudar o Executivo a definir essa estratégia, o que não deixa de ser interessante porque mostra que os autores (sempre gostaríamos de pensar que foram várias cabeças a pensar e não uma só!) do documento aparentemente não querem assumir que o que propõe é a estratégia de facto que poderia ajudar-nos a sair dessa ‘senhora’ crise. Assim sendo, pensamos ser válido perguntar: Quando é que o Executivo vai definir uma estratégia para saída da crise?

Em períodos de crise, como disse e bem o Chefe do Executivo no discurso de abertura da 4ª Sessão da Terceira Legislatura da Assembleia Nacional que passamos a citar, “(…) se conseguem os feitos mais audaciosos e esse é o caminho do progresso.”

Assim sendo e com vista a dissipar qualquer dúvida seria importante que o Executivo assumisse (3) que o memorando é a estratégia ou (4) comunicasse a sociedade quando estará disponível a estratégia para que com os seus comentários (e/ou críticas) ajudar a quem compete gerir o processo. Optar pela indefinição não só contrária a citação acima referenciada como também não permite que sejam arregimentadas contribuições saudáveis a proposta feita.

A nossa crise advém não só mas essencialmente da falta de cambiais (i.e. moeda externa), resultante da baixa do preço do nosso principal produto de exportação, o petróleo. Assim sendo, a solução passa por criar condições para que se possa ter uma fonte alternativa de cambiais.

A um ano atrás, no nosso post de 1 de Março de 2015, apresentamos as 3 Regras do Desenvolvimento propostas por Kaldor (1967) que achamos pertinente voltar a citar:

Regra 1: Todos os países se desenvolvem e atingem altos níveis de rendimento per capita através[1] da industrialização.

Regra 2: Na etapa inicial as indústrias nascentes desenvolvem-se através de uma certa protecção.

Regra 3: Quem dizer o contrário estará mentindo.

A luz do que nos propõe Kaldor a via para saída da crise em Angola passa necessariamente pela industrialização. Neste blog já temos estado a analisar o esforço que o Executivo tem feito nesse sentido e a apresentar algumas pistas sobre o que se poderia melhorar (ver por exemplo os vários posts sobre os “Caminhos da Transformação Estrutural em Angola”, bem como os posts “Por uma Política Industrial Selectiva” ou ainda basta seguir as etiquetas (tags) industrialização, diversificação económica em Africa, economic diversification strategies). Felizmente existem disponíveis bons exemplos de países que implementaram processos de rápida industrialização que o Executivo em Angola poderia estudar e depois adoptar a melhor via.



[1] Nosso ênfase

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