quinta-feira, 1 de setembro de 2016

“Uma desgraça nunca vem só!”: Angola e o (possível) aumento da taxa de juro da Reserva Federal Americana (2)

No nosso post de 2 de Outubro de 2015 indicamos como, naquela altura, o possível aumento da taxa de juro da Reserva Federal Americana poderia contribuir negativamente para a redução dos investimentos em países cuja economia estivesse em transição como o caso de Angola. Hoje tomamos contacto com um Policy Brief  do Overseas Development Institute baseado em Londres assinalando que na sua reunião de Outono deste ano a Reserva Federal Americana poderá mesmo aumentar a taxa de juro, o que a acontecer deixará ainda mais fragilizada a economia de países que, como Angola, tenham uma dívida substancial em dólares americanos.

Os dirigentes em Angola devem sempre recordar-se que países em desenvolvimento captam mais investimentos quando a taxa de juro da Reserva Federal nos EUA não é atractiva, quando ela sobe esses mesmos países acabam por ter duas ‘desgraças’ i.e. (1) dificuldade de pagarem as suas dívidas em USD e (2) vêem reduzida a sua capacidade de atraírem investimento directo estrangeiro.

A ser verdade torna-se muito mais imperativo que o Executivo em Angola seja mais rigoroso e adopte uma componente de condicionalidade[1] no processo de identificação, escolha e financiamento de projectos privados com fundos provenientes de linhas de crédito inicialmente contractadas para projectos públicos conforme a sua estratégia para saída da crise[2].




[1] Definir e exigir o cumprimento de metas de produção (para exportação e consumo interno), empregos e receitas (para impostos).
[2] Governo de Angola ‘Linhas mestras para definição de uma estratégia para a saída da crise derivada da queda do preço do petróleo no mercado internacional’ (Jan. 2016, p. 15)

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