Um exemplo até agora tido
como de sucesso é o caso da China que conseguiu retirar mais de 300 milhões de
habitantes da pobreza extrema graças a um processo rápido de industrialização
virado a exportação. Vale recordar que este processo ajudou a criar vários postos
de trabalho mas com um nível de remuneração muito baixo (ver post de 29
de Julho de 2014). Esta é uma das grandes críticas que se fazem ao modelo
de desenvolvimento chinês.
Para o caso de Angola que
pretende diversificar as suas exportações é imperioso percebermos que tal
diversificação não pode seguir o
exemplo chinês i.e. através de baixos salários, empregos precários e politicas
que fragilizem a condição social do trabalhador. Ela deve, em nosso entender,
passar pela criação de postos de trabalho
que oferecessem alguma qualidade de remuneração. Para o efeito, acreditamos que
projectos de negócios ligados, por exemplo, ao sector do agro-negócio e a indústria
(com ênfase a indústria ligeira) dar-nos-iam a possibilidade de gerar increasing returns (ver post de 1
de Março de 2015).
Essa necessidade de se criar
no sector formal da economia empregos
com qualidade é justificada pelo facto de proporcionar uma demanda interna (i.e. os trabalhadores estariam em condições de
consumirem a produção local) reduzindo a forte dependência aos mercados
externos. Nos momentos em que os mercados externos registassem uma redução da demanda,
seria através desses consumidores que o país poderia manter o seu nível de
crescimento. Hoje, por exemplo, a luz da crise nos mercados externos (europeus
e da América do norte) nota-se uma grande preocupação do governo chinês em aumentar
gradualmente os salários para gerar mais demanda interna e manter o ritmo do
crescimento do GDP.
Em suma, apostar na
diversificação das exportações é importante para Angola. Mas neste processo não
se deve, em nosso entender, descurar a necessidade de se proporcionar aos
trabalhadores uma oportunidade de melhoria da sua condição social através de
uma remuneração justa. Só procedendo desta forma poderemos garantir que o nosso
processo de desenvolvimento seja inclusivo e justo.
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